Baiano não tem osso na língua, o que tiver de falar será dito
Na Umbanda, a Linha dos Baianos, traz a figura de um grupo de espíritos que aconselha de forma direta e reta, sem rodeios. Demonstra uma personalidade "arretada" , extrovertida, dinâmica, alegre , brincalhona e muito carismática.
Em sua maioria, são espíritos que quando encarnados dedicaram suas vidas para amparar o próximo por meio do sacerdotismo, rezas, benzimentos e foram os principais responsáveis em sustentar o culto dos Orixás, semeado inicialmente na Bahia, e posteriormente para o restante do Brasil e o mundo.
Surgimento
De forma consolidada, a Linha dos Baianos, surgiu por volta da década de 40 e 50. Nesta época, o Brasil viva a Era Vargas, o fim da Segunda Guerra Mundial e a Revolução Industrial. No país existia um grande êxodo rural, o que significa que uma parcela grande da população rural, sertaneja e do interior, migrou para grande centros urbanos, em busca de melhores condições de vida.
Além do aspecto econômico, neste contexto, houve também o surgimento de vários preconceitos, como a xenofobia contra as nordestino, a qual, infelizmente ainda perdura até os dias de hoje. Sendo assim, a importância dessa linha, providenciada pelo Plano Astral, veio dar auxílio e assistência a irmãos e irmãs que, naquele contexto, necessitavam de amparo para não perderem sua fé na "selva de pedras" e que, ao mesmo tempo, necessitavam manter sua cultura e religiosidade peculiar: seus conhecimentos sobre as rezas populares, benzimentos, magia de ervas, de pedras e outros elementos da natureza e os conhecimentos que tem como base a cultura do negro, indígena e do catolicismo.
Origem do nome e sustentação
A linha dos baianos recebeu este nome em homenagem a "origem" do Brasil, que se deu, segundo documentos históricos, na Terra de Santa Cruz, atual Brasil, e iniciado no atual estado da Bahia. Portanto, nem todo Baiano que se apresenta como tal, viveu na Bahia, podem ser pernambucanos, alagoanos, cearenses, etc.
De modo geral, a linha é sustentada pelos orixás Iansã e Oxalá, pois são espíritos que trabalham com a movimentação (Iansã) e com a forte religiosidade (Oxalá). No entanto, há baianos que trabalham nas irradiações de todos os orixás.
Quando incorporados, giram, dançam, cantam, contam seus causos (histórias) e combatem trabalhos de magia negra e demandas. Carregam em suas personalidades fortes traços regionalistas, sobretudo no modo de falar e cantar, usam instrumentos litúrgicos como o côco, chapéu de couro, terços, olho de cabra, vela amarela, água de coco, batida de cocô,comidas típicas da Bahia, etc. e são devotos de Nosso Senhor do Bonfim, Nossa Senhora dos Navegantes, Padim Ciço (Padre Cícero) e Nossa Senhora das Graças.
É comum nos depararmos com os nomes de baianos e baianas: Zé do Coco, João do Coco, Simão, Severino, Pedro da Bahia, Maria Quitéria, Maria do Rosário, Zé da Faca, Zé Pelintra (o mesmo que trabalha na Linha de Jurema e dos Malandros). Também, dentro desta linha de trabalho, atuam a Linha dos Cangaceiros, manifestado com falanges de Lampião, Maria Bonita, Corisco, Zé do Cangaço, Maria do Cangaço, Severino, Cangaceira 7 Lagoas, Chiquinho Cangaceiro, entre outros.
Como diz o ponto: "Baiano bom é que sabe trabalhar...Baiano bom é que sobe no coqueiro, tira o coco, bebe a água e deixa o coco no lugar."
Salve a Bahia, meu pai!
Fontes
http://www.caboclobeiramar.com/visualizar.php?idt=5522257 https://senzaladeumbanda.blogspot.com.br/2012/10/cangaceiros.html http://www.nuss.com.br/protetores-na-umbanda/linha-dos-baianos.html Livro Os Arquétipos da Umbanda: as hierarquias espirituais dos Orixás, Rubens Saraceni, Ed. Madras, 2014.
Que o Sol e a Lua iluminem a todos!
Tamires Santana: é membro do N.E.E.R. 7 Tronos Sagrados.