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Por décadas foi propagada a ideia de que o avanço não chegaria às terras moratenses. No entanto, basta adentrar na principal rua da área central do município de Francisco Morato (Rua Gerônimo Caetano Garcia), que entre camelôs, lojas e construções, até mesmo o símbolo máximo do capitalismo dos EUA se encontra hasteado como prova de que o prognóstico de estagnação não se confirma.
Pelo aspecto histórico, Francisco Morato já foi uma das cidades mais importantes para a economia do país, uma vez que surge da expansão da cafeicultura no século XIX. Seu surgimento está interligado à construção da Ferrovia Santos-Jundiaí, também conhecida como São Paulo Railway, a primeira estrada de ferro construída em solo paulista com associação de investidores ingleses que visavam atender necessidades de integração territorial para impulsionar as exportações do café, o aumento da produção agrícola, o comércio e o estímulo do processo de urbanização.
"Francisco Morato foi uma das cidades mais importantes para a economia do país..."
E como um dos poucos esforços em pesquisar e difundir sobre a história do município, Agnaldo Vidali, 40 anos, geógrafo, matemático financeiro, professor e voluntário socioambiental, lança nesta próxima quinta-feira (11/04), na ETEC Francisco Morato, a versão impressa e atualizada do livro “A História de Francisco Morato Muito Além da Cidade-dormitório”.
Motivado pela história de seus pais, Vidali deixa transparecer o carinho que tem por Francisco Morato e hoje contribuí no diagnóstico sobre avanços e necessárias melhorias. Durante dois anos pesquisou sobre os aspectos geográficos, históricos e sociais de Francisco Morato e, em 2009, defendeu os resultados obtidos como trabalho de conclusão do curso de Geografia na USP - Universidade de São Paulo.
“Cheguei na cidade com aproximadamente 7 meses. Meus pais tiveram uma alegria muito grande porque nunca tiveram casa própria e foi aqui, em Francisco Morato, que eles conseguiram comprar um terreno. Este terreno foi pago em várias prestações, mas eles tinham a satisfação de ter saído do aluguel, de se sentirem felizes por estarem no que era deles. E sempre falaram que apesar da dificuldade do bairro - ficamos mais de 25 anos sem rua pavimentada, sem o devido saneamento - não reclamavam e diziam que Morato era uma cidade especial. Era a cidade que os aceitou do jeito que eles eram naquele tempo e, por isto, se sentiam agradecidos ”, relembra Vidali.
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"era uma cidade que os aceitou do jeito que eles eram naquele tempo e, por isto, se sentiam agradecidos"
A publicação faz um recorte que ajuda a repensar a tríade pessoa-cidadão-cidade em uma versão ampliada com entrevistas, diálogos e novas fontes de pesquisas. “Espero que este trabalho seja um motivador para que outras pessoas se sintam bem para produzir a história do município de forma detalhada. É possível, de forma coletiva, para superar a dificuldade que temos de encontrar dados sobre o município”, avalia.
Quando questionado sobre a importância do cidadão moratense conhecer e se apropriar da história da cidade e de que forma isto reflete no dia a dia, Agnado Vidali reconhece que “o sentimento de pertencimento, quando aumentado e multiplicado, resultará em muitas ações lucrativas. A pessoa que ama o seu lugar começa a valorizá-lo. Como diz o Bonfílio [Alves], ‘as pessoas não moram e, sim, vivem’, ou seja, toda a vida dela está ali. A partir do momento em que ele se reconhece parte deste espaço, começa a sentir um orgulho e a trabalhar de maneira intensa para preservar este lugar”.
Segundo o pesquisador, a partir do conceito “biobairro” criado pela pesquisadora Romi [Romilda Hadad, coordenadora da ONG Ecos do Vitória], a cidade é orgânica, o que significa que o seu formato, e tudo que a engloba, é parte essencial no desenvolvimento sócio econômico e ambiental. A partir deste recorte, o cidadão que entender que ele é o produtor de suas ações, cria-se uma nova consciência. “Ele vai zelar da calçada, cuidar do lixo para que ele não fique espalhado...e aí você vai criar uma nova corrente onde a pessoa começa a visualizar no cotidiano ações positivas. E se todo mundo fazer ações positivas e dividir as responsabilidades, que seja entre os órgãos públicos, indivíduo, a liderança de bairro, o colaborador de vários sentidos, as coisas mudam e, finalmente, vamos atingir um novo patamar, uma nova cidade. Teremos o que sonhamos para Francisco Morato, que é o desenvolvimento cultural, ambiental, e em todos os aspectos”, concluí.
"o cidadão que entender que ele é o produtor de suas ações, cria-se uma nova consciência"
“A História de Francisco Morato Muito Além da Cidade-dormitório” permite compreender que nada é por acaso; promove uma apropriação da cultura local, da própria história e da identidade. Para os cidadãos, chama para a responsabilidade e faz (re)pensar sobre a colaboração individual e coletiva para a construção de uma Francisco Morato que queremos e vivemos.
O livro também se encontra disponível para download no site www.perfilmorato.com.br
Serviço
A História de Francisco Morato Muito Além da Cidade-dormitório de Agnaldo Vidali
Local: Etec Morato - R. Tupinambás, 572 - Jardim Nova Belem, Francisco Morato – SP
Data: 11/04 (quinta-feira), às 19h
--> Clique aqui para conhecer sobre o conceito biobairro da ONG Ecos do Vitória <--
Tamires Santana é mãe pequena do 7 Tronos Sagrados, jornalista, design gráfico, micro empresária de Bonga Produções e escritora do livro Tinta Loka Street Book.